MINHAMÃE
o destino acredita na mãe.
a mãe aprende a nadar com o mergulho.
a liberdade prende-se à mãe para não se perder.
o coração do mundo é do tamanho da mãe.
a lógica da mãe é ser fantástica.
a mãe tem problemas para todas as soluções.
ilustração de Gémeo Luís com aforismos de Eugénio Roda
português + italiano + francês + inglês + holandês + alemão + espanhol + grego
Eterogémeas, 2012
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LEITURA FURIOSA
As palavras de quem as detesta são as que lhe batem na testa:
A palavra «coser» ajuda todos os bolsos furados.
A palavra «lixo» é a que sobra de todas as outras e se recicla para continuar a existir.
A palavra «racismo» é uma paleta mal resolvida que suja a pintura.
A palavra «ódio» continua a tentar fazer um exército de sinónimos.
A palavra «traidores» é apanhada nas entrelinhas do texto mais cedo ou mais tarde.
A palavra «fechado» põe-se à janela, mas do lado de dentro.
A palavra «solidão» é amassada por mãos que deixam o forno por ligar.
A palavra «ler» é uma passagem de nível que tem prioridade sobre o comboio.
A palavra «publicidade» é um esconderijo que só mostra o que há em redor.
As palavras que prefiro talvez sejam as que firo, de preferência:
A palavra «paraíso» é um cartaz impresso do lado de lá.
A palavra «natureza» deixará ainda correr muitos rios de tinta.
A palavra «liberdade» é um pisa-papéis com o peso que lhe quisermos dar.
A palavra «nenhuma» disfarça-se de si própria para tentar dizer o que não pode.
A palavra «amizade» continua a acreditar em toda a gente que a diz.
A palavra «amor» é uma prova deixada no local mesmo quando o crime não acontece.
este ano com a Comunidade Educativa de Santo António
Amiens, Lisboa (Casa da Achada), Porto (Museu Serralves, biblioteca)
10.11.12.13.05.2012
PENSAMIENTRAS
Somos nós que pensamos ou é o pensamento que nos pensa? As ideias são nossas ou são dele?
Somos nós que o levamos ou é ele que nos traz?
Este livro dá todas as respostas a quem quiser nele encontrá-las.
ilustração de André da Loba com texto de Eugénio Roda
português + inglês
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CATABRISA
peça de teatro a partir do livro Catavento (Eterogemeas, 2009)
dramaturgia de Eugénio Roda, cenografia e figurino de Gémeo Luís, coreografia de Joana Providência, música de Manuel Cruz, interpretação de Filipe Caldeira
http://www.teatromariamatos.pt/pt/prog/criancas-e-jovens/20112012/catabrisa
WORDRAW
Flectir, inflectir, reflectir:
Disponíveis para tudo e acessíveis a todos, o desenho e a palavra são económicos e versáteis. Wordraw é um aparelho de ginástica visual e mental, articulando escrita e desenho. Através do diálogo entre os elementos da linguagem gráfica e textual, pretende-se activar modos de ver, sentir, pensar, agir. Qualquer que seja a sua aplicação.
Workshop por Emílio Remelhe na mindshake, semana do pensamento criativo de 4 a 8 de Julho 2011
http://namente.pt/mindshake/
2011 LIGAÇÕES QUÍMICAS 2011 FULL TIME ATTITUDES
Estamos ligados. Em círculos viciados e virtuosos.
Nesta matéria, estamos de acordo. Mas importa regular a acidez.
Afinal, as melhores soluções são básicas e as piores nunca são neutras.
Formula hipóteses, faz experiências, tira conclusões: Sais de prata ou entras de ouro?
Aforismos de Eugénio Roda com 56 ilustradores de diferentes nacionalidades
Ano Internacional da Química.Ano Europeu do Voluntariado
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A VERDADEIRA HISTÓRIA DE AVIV
Conto de Eugénio Roda a partir de pintura de Paula Rego
Na rubrica Histórias aos Quadrinhos na RTP 2, estreia Dezembro 2010
http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/novidades/?k=QUASE-TUDO-SOBRE-OS-PROGRAMAS-INFANTIS-DA-RTP2Outono-2010.rtp&post=27078
SEM PALAVRAS
Com palavras pensamos, dizemos, comunicamos. Com palavras escrevemos, lemos, brincamos. Sem palavras, como seria? E o que aconteceria a alguém que perdesse as suas palavras? Vou contar-te por palavras minhas. Também podes contar por palavras tuas
Texto de Eugénio Roda com ilustrações de André Caetano, Porto Editora, 2010
O CHAPELINHO ENCARNADO LE PETIT CHAPERON ROUGE LITTLE RED CAP de novo
Vitória, vitória, jamais se esqueça esta história:
Ao meter-se na boca do lobo, o Chapelinho Encarnado passou a andar nas bocas do mundo.
Esta edição, ilustrada por Hassan Amekan, conta com a narrativa de Jacob e Wilhelm Grimm
e uma versão de Eugénio Roda, a partir de vozes de chegada.
Edições Eterogémeas, 2010
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LEITURA FURIOSA 2010
Apresentação dos resultados em Serralves com todos os intervenientes do Porto + Ana Deus
Domingo, 30 de Maio 2010
Regina Guimarães + PAM com o Centro Educativo de Santo António
Saguenail + JAS com o Centro Educativo de Santo António
Patrícia Lino + Manuela Bacelar com a Qualificar para Incluir
Emílio Remelhe + Calhau com a Comunidade Terapêutica da Ponte da Pedra
CONTORNOS DA PALAVRA
Biblioteca de Viana do Castelo
Mesa Outras Leituras: A ilustração, encontro com Bibliotecas Escolares
Emílio Remelhe + Cristina Valadas (pintora e ilustradora)
Moderação de Raquel Ramos (Coordenadora Interconcelhia das Bibliotecas Escolares)
Abril 2010
SONHARTE CONTARTE DREAMINGYOU TELLINGYOU
Mirela was a girl full of fun. Murilo was a boy full of smiles. Every day they smiled and played, following the flowers’ scent, listening to the birds’ chirping, tasting the fruits’ freshness, feeling the trees' texture, looking at the sunset. One day, without noticing how and why, they ended up in the city.
And, between smiles and play, they got lost! They walked, ran, watched, called . . . nothing!
Mirela looked around: Where am I going to find Mur now?
Murilo murmured: How am I going to find Mir now?
Com ilustrações de Gémeo Luís, 2009
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CATAVENTO LA BRIZA DEL BRIZO
Olha à tua volta: tudo se mexe, mexendo com o ar. Até o respirar.
Já ouviste dizer que esta brisa, que sentes no cabelo, pode vir do outro lado do mundo, onde uma pequena borboleta bate as asas?
Ou que pode vir do teu interior, da mais subtil e resistente força de vontade?
Talvez esta seja uma história sobre o vento, pois é com o vento que vão e vêm as sementes, as ideias,
a vontade de mudar o mundo.Edições Eterogémeas, 2009
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O.S.S.O.S. DO OFÍCIO
conversa com Emílio Remelhe
Laboratório das Artes, 8 de Abril de 2010 às 22h
S.O.S. SUBJECTIVIDADE.OBJECTIVIDADE.SUBJECTIVIDADE
exposição
Estúdio UM. Escola de Arquitectura da Universidade do Minho, Guimarães
http://laboratoriodasartes.wordpress.com/http://www.estudioum.org/index2.htm
O MUSEU À MÃO, A MEMÓRIA NOS DEDOS
Cinco [Mil] Sentidos 2ª edição
workshop criativo de escrita e desenho por Emílio Remelhe
Reitoria da Universidade do Porto em parceria com a Editora CivilizaçãoMarço e Abril de 2010
http://sigarra.up.pt/reitoria/noticias_geral.ver_noticia?p_nr=780
PAPEL COM POESIA
no Centro Cultural de Belém
Oficina de escrita e ilustração com Eugénio Roda e Gémeo Luís
Poesia com Papel, exposição de originais de Gémeo Luís
Programa educativo CCB - Fábrica das Artes
Dia Mundial da Poesia, 21 de Março 2010
2010 FORMAS DE SER ESTAR 2010 FREQUENTLY ASKING QUESTIONS
2010, Ano Internacional da Biodiversidade, Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social
com 54 ilustradores de diferentes nacionalidades + texto de Eugénio Roda
em português e inglês, tradução de Ana Saldanha, Edições Eterogémeas, 2009 (Colecção Desafios)
www.eterogemeas.com
AZUL BLUE BLEU
Surpreendido com a descoberta de uma gota de água no seu nariz, o herói menino enceta um mergulho nesse elemento, vivendo invulgares peripécias.
Com ilustrações de Gémeo Luís
Edição trilingue, pt.fr.uk, Edições Eterogémeas, 2009
Nomeado pela Sociedade Portuguesa de Autores para o Prémio Melhor Livro de Literatura Infantil 2009 (SPA/RTP 2010)
CINCO [MIL] SENTIDOS
workshop criativo de escrita e desenho por Emílio Remelhe
Reitoria da Universidade do Porto em parceria com a Editora Civilização
Setembro e Outubro 2009
http://sigarra.up.pt/reitoria/noticias_geral.ver_noticia?p_nr=780
COM QUATRO PEDRAS NA MÃO
Exposição das ilustrações de Emílio Remelhe para o livro Com quatro Pedras na Mão
na livraria Centésima Página em Braga
Inauguração cinco-em-linha, 3 de Outubro 2009, 17h
http://www.centesima.com/content.asp?startAt=4&categoryID=19&newsID=455
NOVOS CAMINHOS DA POESIA PORTUGUESA
Cultura no Centro pelo jornalista Sérgio Almeida, debate com Manuel António Pina, Fernando Guimarães, Rosa Alice Branco, Catarina Nunes de Almeida, Dina Ferreira (Poetria) e Emílio Remelhe
Centro Comercial Dolce Vita, 26 de Setembro de 2009, 17h
BERLINDE BILLE MARBLE
Queres saber se a Terra é redonda?: observa um berlinde. Queres saber se a Terra se mexe?: brinca, joga. O que queres saber mais?: lê e conta esta história.
Com ilustrações de Gémeo Luís
1º prémio no 15º Concurso Internacional de Ilustração, Chioggia, Veneza, 2008
Edição trilingue, pt.fr.uk, Edições Eterogémeas, 2009
BRINCAR, FAMILIAR E OUTROS VERBOS
por Eugénio Roda
Biblioteca Municipal de Vila Nova de Cerveira, 11 de Julho 2009
Feira do Livro
NOVOS CAMINHOS DA ILUSTRAÇÃO
mesa redonda sobre ilustração no Norte de Portugal e Galiza
Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia, 3 de Julho, 18h30Com os ilustradores Gémeo Luis, Cristina Valadas, Luís Silva, Marc Taeger e José Manuel Saraiva Moderador: Emílio Remelhe
MENTE SEMENTE
apresentação do livro de Cristina Valadas (desenho) + Ed Root (texto) edição bilingue pt/ingl
Livraria Index, 25 de Maio, 21h30m
+ SSSCHLEP
encontro com Eugénio Roda e Gémeo Luís
Biblioteca Municipal de Arouca, 17 de Abril
Biblioteca Municipal de Sesimbra, 18 de Abril
A VOZ DOS LIVROSOs livros têm voz .Um álbum é um livro onde o texto e a ilustração são duas vozes numa só. Não porque digam o mesmo, mas porque dialogam, com o mesmo fim. Entre o ver e o ler, o livro é um jogo de percepções e interpretações. E como se constrói o jogo? Um livro… como se escreve?, como se ilustra?, como se faz? Tendo como objectivo sensibilizar para o uso do livro e exercitar a criatividade, esta oficina convida a ver, ler, ilustrar, aprender como se faz um livro.
oficina de escrita e ilustração, Emílio Remelhe/Eugénio RodaBiblioteca Camilo Castelo Branco, Famalicão, 16 de Abril, Dia Mundial da Voz
http://www.bibliotecacamilocastelobranco.org/?1&it=news&mop=4&co=744
IRMÃ(O) de Cristina Valadas + Eugénio Roda
Apresentação na FNAC Santa Catarina, Porto, 11 de Abril, Sábado, às 17 horas
pode ser folheado em www.catalivros.org
O QUÊ QUE QUEM, nova edição
Um, dois, três, Notas de Rodapé e de Corrimão outra vez
primeira: português + inglês, segunda: português + italiano, terceira: português + francês
Primos são quem vem de longe com novidades.
Novidade é, por exemplo, ter nascido mais um primo.
Nascer é o que nos acontece antes de nos acontecer alguma coisa.
Cousins sont ceux qui viennent de loin avec des nouveautés.
Nouveauté est, par exemple, la naissance d´un cousin en plus.
Naître est ce qui nous arrive avant qu´autre chose ne nous arrive.
Neto é quem prefere acordar com histórias para adormecer.
História é o que se conta mesmo que não tenha acontecido.
Acontecer é a coisa que mais poder tem e que por vezes não devia ter.
Il nipote è quello che preferisce svegliarsi con le storie della notte.
La storia è ciò che si racconta anche se non è mai successa.
Succeddere è la cosa che più potere ha e che a volte non dovrebbe avere.
Tia é quem nos leva de viagem e nos deixa espreitar pela janela.
Espreitar é o que fazemos quando os nossos olhos são maiores do que o mundo.
Mundo é uma bola tão grande que se torna difícil jogar com ela.
An aunt is someone who takes us on a trip and lets us peep through the window.
To peep is what we do when our eyes are bigger than the world.
The world is a ball, so big that it´s difficult to play with it.
O OLHAR DOS LIVROS ilustração de Emílio Remelhe
Biblioteca Camilo Castelo Branco, Famalicão, 23 de Março a 21 de Abril
Os livros têm olhos.
Olham-nos, como se quisessem ser também olhados e admirados.
Vêem as imagens que temos na cabeça, servem-se da nossa imaginação. É assim que eles vivem. É assim que nós vivemos com eles. Ilustrar é, por isso, dar ao livro as imagens com que ele nos quer ver ou dar ao leitor formas que o possam surpreender. Ilustrar é materializar ideias, formas que se transformam, sempre que o livro é aberto por alguém.
MENTE SEMENTE desenhos de Cristina Valadas + textos de Ed Root (ER)
Fresquinho (ou quentinho?), editado pelas Edições Gémeo, edição bilingue (port+ingl), na sequência da publicação Entre o Corpo e a Mente.
ver em www.edicoesgemeo.com
De um tudo nada se faz tudo e mais alguma coisa.
Uma baga de medo é um fruto do bosque.
Caminhar é viajar na mente sem lugar sentado para o corpo.
O medo só assalta lugares habitados.
Os sonhos deitam-se por terra mas sonham com o céu.
O corpo encolhe-se, a mente recolhe-se.
Ed Root (excerto)
COM QUATRO PEDRAS NA MÃO exposição de ilustrações para o livro na livraria Papa-Livros
Sessão em torno do livro, Sábado, 31 de Janeiro de 2009
Livraria Papa-Livros, Rua D. Manuel II, Edifício Cristal Park, loja 44 (em frente ao Museu Soares dos Reis).
2009 MUNDOS A CÉU ABERTO livro.agenda, 53 ilustradores + Eugénio Roda
O novo livro-agenda depois de 2008 Voltas no Carrossel, com ilustradores de diversas nacionalidades, exposição na FNAC de Santa Catarina http://cultura.fnac.pt/Agenda/fnac-porto/fnac-sta-catarina/2008/11/1/2009-mundos-a-ceu-aberto
e na Biblioteca Almeida Garrett, Nov 2008
ver em www.eterogemeas.com
Dois mil e nove é mais um ano que se move. Na rotação dos dias centrifugam-se mundos. Na translação das semanas formam-se nuvens de coisas vivas, matéria para transformar meses a fio: em galáxias difíceis de ver à vista desarmada. Visto de perto, está tudo feito e tudo por fazer. Feito de longe, muito está visto e muito mais por ver: nada que um telescópio não possa resolver. As leis do universo são para cumprir, mas, à luz das estrelas, todos os sonhos continuam legítimos.
Eugénio Roda
O QUÊ QUE QUEM Gémeo Luís + Eugénio Roda
Foi o livro seleccionado pelo júri de La Joie par les Livres (secção francesa do IBBY) para representar Portugal na exposição "Tour d´Europe en 27 Livres d´Images" na Biblioteca Nacional de França
Out > Dez 2008
Un tour d’Europe en 27 livres d’images
C’est à un voyage dans la création éditoriale pour la jeunesse des pays européens que nous convie cette exposition. «Elle illustre la richesse et la variété de la production contemporaine du livre pour enfants sur le continent européen » souligne Nathalie Beau, qui en est la commissaire. Sélectionnés parce qu’ils sont à la fois singuliers et emblématiques d’un auteur ou d’un illustrateur, les 27 livres présentés – un par pays – sont également chacun le reflet d’une histoire et d’une culture. Ce tour d’Europe suit un itinéraire inattendu. Les 27 États ne sont pas classés par ordre alphabétique ; le parcours proposé dessine une arabesque sur la carte de l’Europe, que l’on peut suivre dans les deux sens, de Chypre jusqu’à la Slovénie en passant successivement par le sud du continent, les pays scandinaves, les pays baltes, l’Europe de l’Ouest et celle de l’est. « Le visiteur peut ainsi cheminer de pays en pays, en autant d’arrêts sur image, au gré de sa curiosité et d’une déambulation tout à la fois ludique et pédagogique », commente Nathalie Beau. «Une petite carte de l’Union européenne permet de resituer chaque pays et des panneaux signalétiques renseignent, l’un, sur les données géographiques – la superficie, le nombre d’habitants, la langue parlée –, le second, sur les caractéristiques de l’édition pour la jeunesse propre à chaque pays. Un bref résumé de l’ouvrage est proposé, ainsi qu’une biographie des auteurs et des illustrateurs. » Les couvertures et des pages intérieures des ouvrages sont reproduites, mettant en lumière la diversité des formats, des couleurs, des mises en page, des typographies utilisées, des langues… le livre-dépliant de Slovénie, le livre du Portugais Eugenio Roda O Quê Que Quem au papier si singulier, ou encore le livre de poésies bulgare Cinq pour quatre d’Ivan Tsanev joliment illustré en noir et blanc et couleurs par Yana Levieva.
[in Croniques de la Bibliothèque Nationale de France, nº45.2008]
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FAZER LIVROS COMO QUEM OS LÊ
depoimento de Gémeo Luís e Eugénio Roda
Casa da Leitura, depoimentos Ibero-brasileiros
Formar Leitores para Ler o Mundo.Congresso Internacional de Promoção da Leitura
Fundação Calouste Gulbenkian, 22 e 23 de Janeiro de 2009.
Ilustrar ou escrever também é ler. Antes, durante, no fim. E no trabalho em parceria esta ideia acentua-se, porque desde logo vamos pensando alto, vamos ouvindo o que dizemos e lendo o que escrevemos ou vendo o que desenhamos de uma forma dinamizada pelo diálogo. Para nós, fazer um livro é como… fazer um livro para nós! Gostamos de livros capazes de nos convidar, entusiasmar, desafiar, agradar em termos estéticos. Seja pelo conteúdo, seja pelos jogos entre o texto e a imagem, seja pela forma, seja pela qualidade dos materiais e da impressão. Nenhuma destas dimensões resolve as demais, nenhuma destas qualidades é dispensável ou adiável.
Os nossos livros são produzidos a partir de ideias que vamos discutindo no dia-a-dia, como o fio da meada para um tecido que transcende em muito os próprios livros. Pensar nas coisas, mas como coisas do quotidiano, utopias que se tornam possíveis. Pensamos incondicionalmente um livro como um objecto de qualidade. Seja quando mexemos nele com os nossos filhos, seja quando o analisamos com os nossos alunos, seja quando falamos dele com professores ou com bibliotecários: pensar assim um livro, na sua sobrevivência (e super vivência) desde a nossa casa a qualquer país do mundo.
Fazemos livros para a infância de quem os lê. Adultos ou crianças. Interessam-nos livros que não estanquem numa determinada faixa etária. Agrada-nos até pensar que o primeiro e último destinatário dos livros possa ser um adulto: e que pelo meio se encontrem as crianças. Talvez o prazer de ler seja ainda mais urgente nos adultos, talvez estes precisem até mais de ler com prazer em vez de procurar satisfazer os mais novos como quem presta um serviço de mediação a frio. De uma forma ou de outra, pensar em literatura ou ilustração para a infância está muito para além de pensar em crianças.
Procuramos, por isso, que os nossos livros tenham a capacidade de surpreender um adulto, que sejam objecto de curiosidade, que ofereçam pontos de partida para outras histórias ou conversas, para aventuras entre grandes e pequenos em torno das palavras, das imagens.
Interessa-nos manter o livro (em) aberto. Parece-nos importante oferecer livros nos quais os leitores que não procurem apenas o final da história. Na verdade até interessa que o leitor não saiba o final da história, que não resolva o problema, ou seja, que não mate o livro.
Um livro é um jogo. E um jogo não se faz só a pensar no resultado, nem se esgota na primeira vez que se joga. Tal como um jogo não é só um conjunto de regras ou um filme não é só o guião ou uma peça de teatro não é só a representação ou um espectáculo de dança não é só a coreografia, um livro também não é só um texto ou só um conjunto de imagens: é feito de traços, palavras, dimensões, composição, qualidade do papel, texturas, cores, qualidade de impressão… é esta matéria que faz do livro o que ele, de facto, é. É aqui que começa o alimento daquilo que ele irá sendo: através de diferentes lugares e momentos, através de mãos, olhos, vozes e ouvidos distintos cada vez que mexem, olham, ouvem, contam. Revemos filmes, voltamos a ouvir uma música, regressamos aos livros. É por alguma razão. E não será, com certeza, por uma só razão.
Numa metáfora, cada um dos nossos livros surge como uma espécie de álbum de viagem, realizada por duas pessoas (escritor e ilustrador, que escolheram o destino, o modo de viajar, etc) e que, através de vias diferentes, descrevem, comentam, complementam, desafiam-se mutuamente, dialogando. Pensemos num desses momentos em que se reúne os amigos para lhe contar e mostrar as fotografias de uma viagem real, convidando-os a vislumbrar a viagem através das nossas palavras, através das nossas imagens. Se por vezes um fala mais e o outro fala menos, se a voz de um abafa os gestos do outro durante uns momentos, se uma palavra interrompe uma imagem... no conjunto, o que importa é conseguir envolver o ouvinte, levá-lo a viver a viagem como se a tivesse feito, alimentar o desejo de viajar, a expectativa de novos episódios da viagem.
Assim, nos livros, partimos ora do texto para a ilustração, ora da ilustração para o texto. Se uma mancha se quer estender, propõe a uma frase que se encolha ou vice-versa. Por vezes aglomera-se o texto ou suspende-se a imagem, por vezes a ilustração estende-se numa sequência exclusivamente visual. Reduz-se um, amplia-se o outro, fazendo das palavras e dos papéis recortados matérias equivalentes. Num diálogo sempre tenso (entre dor e prazer) mas sem qualquer subjugação do texto à imagem ou vice-versa, sem qualquer constrangimento do que cada uma das partes pode ou quer dizer de fundamental. Pelo contrário, é um jogo de rentabilização de ambas, na coesão do livro.
Se os nossos livros conseguem ser um espelho feito da superfície desta mesa de trabalho, então parece-nos ter sobrevivido o que de essencial queremos proporcionar com eles.
Como qualquer viajante que mostra com entusiasmo os lugares por onde passou, como viu o que viu… esperamos conseguir manter naqueles com quem partilhamos um dos nossos álbuns a curiosidade de saber como foram as viagens anteriores, o entusiasmo de querer saber como vai ser a próxima. Que as viagens que fazemos continuem a ser acompanhadas pelos nossos leitores, que os nossos livros continuem a fazer parte da bagagem das suas viagens, como forma de ler o (seu) mundo em diálogo com o nosso.
Ver depoimentos de outros autores em http://www.casadaleitura.org/